Se há uma coisa que os jogadores aprenderam ao longo dos anos é que às vezes é impossível determinar o que terá ou não sucesso, o que será “bom” ou não, apenas por trailers e divulgação. Às vezes, os fracassos esperados acabam sendo grandes sucessos. Outras vezes, parece que nada poderia ter salvado certa produção de uma desgraça eminente.
Levando em conta essas “desventuras em série” da indústria de jogos, trouxemos aqui 13 exemplos de jogos que não apenas fracassaram em vendas, mas também levaram ao fechamento de seus estúdios.
Concord (Firewalk Studios, 2024)
Lançado em 23 de agosto de 2024, Concord foi um shooter competitivo multijogador desenvolvido pela Firewalk Studios e o mesmo teve uma recepção mista e vendas abaixo do esperado, atingindo um pico de apenas 697 jogadores simultâneos na Steam. Com isso, apenas duas semanas após o lançamento, em 6 de setembro, a Sony decidiu remover o jogo de todas as plataformas e oferecer reembolsos aos jogadores pelos itens vendidos internamente e o jogo em si. Posteriormente, em outubro de 2024, a Sony anunciou o fechamento da Firewalk Studios, resultando na demissão de aproximadamente 172 funcionários.
Com 8 anos em produção, o desenvolvimento de Concord parece ter envolvido altos investimentos. Relatórios indicam que o custo inicial de produção foi de aproximadamente US$ 200 milhões, destinados ao desenvolvimento do jogo pela Firewalk Studios, além de US$ 400 milhões em marketing, investidos pela própria Sony. No entanto, alguns rumores sugerem que o custo de desenvolvimento pode ter sido menor.
The Day Before (Fntastic, 2023)
Anunciado como uma mistura de The Last of Us e DayZ, The Day Before gerou grande expectativa antes do lançamento, sendo desenvolvido originalmente por um estúdio relativamente pequeno. No entanto, após seu lançamento em acesso antecipado para PC em 7 de dezembro de 2023, o jogo acumulou milhares de análises negativas na Steam, decepcionando jogadores por não entregar o conteúdo prometido nem de perto. Com a incapacidade de manter uma base sólida de jogadores após as críticas massivas e pedidos de reembolso, o estúdio Fntastic anunciou o encerramento de suas operações em dezembro de 2023.
Kingdoms of Amalur: Reckoning (38 Studios, 2012)
Com grandes ambições, Kingdoms of Amalur prometia ser um RPG de peso. Apesar de críticas positivas, o jogo vendeu cerca de 1,2 milhão de cópias nos primeiros 90 dias, insuficiente para cobrir os custos de desenvolvimento, estimados em US$ 75 milhões. A 38 Studios enfrentou dificuldades financeiras e, em maio de 2012, demitiu todos os seus funcionários, declarando falência pouco depois.
Epic Mickey 2: The Power of Two (Junction Point, 2012)
A sequência de Epic Mickey trouxe melhorias e uma experiência cooperativa. No entanto, o jogo vendeu apenas 529.000 cópias até março de 2013, muito abaixo das expectativas da Disney. As vendas fracas levaram ao fechamento do Junction Point Studios em janeiro de 2013, encerrando também os planos para a franquia.
Marvel’s Avengers (Crystal Dynamics, 2020)
Baseado em uma das marcas mais populares do mundo, Marvel’s Avengers não conseguiu atrair ou manter uma base sólida de jogadores. O jogo enfrentou críticas por bugs, falta de conteúdo e decisões controversas de design. Em novembro de 2020, a Square Enix relatou um prejuízo operacional de aproximadamente US$ 63 milhões, atribuído em parte ao desempenho abaixo do esperado do jogo. Em 2022, a Square Enix vendeu a Crystal Dynamics para a Embracer Group, citando a necessidade de investir em outras áreas.
The Lord of the Rings: Gollum (Daedalic Entertainment, 2023)
Considerado um dos jogos mais mal recebidos de 2023, Gollum sofreu com gráficos ultrapassados e jogabilidade confusa. O jogo foi amplamente criticado, obtendo uma média de 36/100 no Metacritic. As vendas decepcionantes e a má recepção levaram ao encerramento da divisão de desenvolvimento da Daedalic Entertainment em junho de 2023, resultando na demissão de cerca de 25 funcionários e no cancelamento de outros projetos planejados no universo de O Senhor dos Anéis.
Too Human (Silicon Knights, 2008)
Este jogo custou uma alta quantia e levou anos para ser concluído, mas não atingiu as expectativas do mercado. No entanto, foi o que aconteceu a seguir que realmente selou o destino de seu estúdio, Silicon Knights: Após o fracasso de Too Human, a Silicon Knights levou a editora Epic Games ao tribunal alegando que a Epic reteve os fundos necessários para a produção, o que por sua vez levou ao produto final desanimador. Isso levou a um contra-processo da Epic Games. A investigação que se seguiu sobre a produção do jogo acabou saindo pela culatra para Silicon Knights…
O juiz decidiu que a Epic não apenas era inocente das acusações, mas também descobriu que Silicon Knights aparentemente roubou várias linhas de código da Epic para vários de seus jogos. Isso levou a uma ordem para os mesmos recolherem todas as cópias de Too Human que estavam à venda naquele momento, removendo-o das lojas online e brutalmente parando as produções seguintes do estúdio, o encerrando.
Sunset (Tale of Tales, 2015)
Sunset, um jogo de aventura ambientado em um cenário de revolução na América do Sul, começou como um projeto promissor no Kickstarter. No entanto, com vendas de apenas cerca de 4.000 unidades, incluindo cópias para apoiadores, a Tale of Tales não conseguiu recuperar os custos de desenvolvimento. Em junho de 2015, os fundadores anunciaram o fechamento do estúdio, citando o fracasso comercial de Sunset como fator decisivo.
Haze (Free Radical, 2008)
Apelidado como o possível “Halo killer”, Haze prometia ser um marco nos jogos de tiro. No entanto, o jogo foi lançado em maio de 2008 exclusivamente para PlayStation 3, recebendo críticas negativas e alcançando uma pontuação média de 55/100 no Metacritic. Tanto o enredo, quanto os personagens de Haze possuíam uma clara inspiração na saga Halo, mas as vendas foram decepcionantes, e a Free Radical enfrentou dificuldades financeiras, entrando em administração judicial em dezembro de 2008. Após a dissolução do contrato com a LucasArts (para quem a empresa iria originalmente desenvolver Star Wars: Battlefront 3), o estúdio foi adquirido pela Crytek e renomeado para Crytek UK.
Blur (Bizarre Creations, 2010)
Combinando gráficos realistas e jogabilidade estilo arcade, Blur parecia ser uma proposta única no gênero de corrida. Apesar de críticas decentes, o jogo vendeu apenas cerca de 31.000 cópias em sua semana de estreia nos EUA. A Activision, incapaz de encontrar um comprador para o estúdio, decidiu fechar o Bizarre Creations em fevereiro de 2011, dispensando todos os seus funcionários.
Def Jam Rapstar (4mm Games, 2010)
Focado na cultura hip-hop, Def Jam Rapstar tinha um conceito promissor e um catálogo impressionante de músicas. Contudo, questões legais envolvendo direitos autorais, onde a desenvolvedora 4mm Games não garantiu adequadamente os direitos de músicas envolvidas, resultaram em um processo de US$ 8,1 milhões movido pela EMI. Incapaz de lidar com a batalha judicial e o prejuízo financeiro, a 4mm Games fechou as portas em 2012.
Medal of Honor: Warfighter (Danger Close, 2012)
Medal of Honor: Warfighter tentou competir com Call of Duty, mas fracassou ao entregar uma experiência genérica e cheia de problemas técnicos. As vendas ficaram abaixo das expectativas, levando a EA a desmantelar o Danger Close Games em 2013. Parte da equipe foi realocada para outros projetos, mas muitos funcionários foram dispensados.
Mass Effect: Andromeda (BioWare Montreal, 2017)
Enquanto a trilogia original era adorada, Andromeda sofreu com bugs, animações problemáticas e críticas à narrativa. Apesar de vendas iniciais de 2,5 milhões de cópias, o jogo foi amplamente considerado um fracasso. A EA dissolveu a BioWare Montreal em 2017, integrando-a à Motive Studios.
A fusão dos dois estúdios pode ser vista de forma positiva, todavia, uma vez que os dois jogos seguintes desenvolvidos pela Motive, Star Wars Battlefront II e Star Wars Squadrons, alcançaram alto sucesso comercial.