Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) desenvolveram uma nova inteligência artificial que promete transformar o desenvolvimento de vacinas e terapias de RNA. Chamado COMET, o sistema analisa milhares de combinações de nanopartículas lipídicas e identifica quais materiais funcionam melhor juntos para transportar o material genético até as células. Isso permite criar formulações mais rápidas, potentes e estáveis, reduzindo o tempo e o custo das pesquisas.
A expectativa é que essa tecnologia acelere o avanço de medicamentos contra doenças crônicas como diabetes e obesidade, além de abrir caminho para vacinas mais eficazes contra diferentes vírus e outras condições de saúde.
Como funciona o COMET?
O COMET é um modelo de inteligência artificial baseado em arquiteturas de transformadores, semelhantes às usadas em sistemas de linguagem avançados, mas adaptado para a química e a biotecnologia. Sua função principal é analisar como diferentes componentes químicos interagem dentro de nanopartículas lipídicas (LNPs) — estruturas que funcionam como “veículos” para levar moléculas de RNA até as células-alvo. Essa abordagem é mais complexa e precisa do que os métodos tradicionais, que focam apenas em otimizar um único ingrediente de cada vez.
Para construir o banco de dados que alimentou o COMET, os pesquisadores criaram e testaram cerca de 3 mil formulações diferentes de LNPs, medindo sua capacidade de transportar RNA com segurança e eficácia. A IA então processou esses resultados e passou a prever quais combinações teriam melhor desempenho. Em testes de laboratório, as nanopartículas projetadas pelo sistema conseguiram superar as formulações comerciais usadas atualmente, inclusive quando aplicadas em células de pele de camundongos, demonstrando alto potencial para uso clínico.
Aplicação no tratamento de Obesidade e Diabetes
O MIT vê grande potencial no uso das nanopartículas criadas pelo COMET para tratar obesidade e diabetes, oferecendo alternativas mais seguras e acessíveis a medicamentos como o Ozempic. A tecnologia utiliza terapias de RNA capazes de atuar diretamente nos mecanismos metabólicos, buscando resultados mais eficazes e com menos efeitos colaterais.
Para isso, as nanopartículas lipídicas tradicionais receberam um quinto elemento, o polímero PBAE, que aumenta a eficiência na entrega do RNA às células. Foram testadas 300 formulações com essa adição, e a IA identificou as mais promissoras. Além de funcionar bem em diferentes tipos de células, essas partículas também resistem melhor à liofilização, permitindo que os medicamentos sejam transportados e armazenados sem necessidade de refrigeração, facilitando a distribuição global.