Mulheres hoje são 50% dentre os usuários de games, entenda o impacto

Como o avanço do número de mulheres nos jogos e eSports pode ajudar a combater toxicidade e a trazer novas ideias?
Lucas Morais, Jean Felipe em 28/nov/24, atualizado 30/nov/24 às 08h – Compartilhe
Meninas jogando. Imagem: Acervo exclusivo do Eu, Brasileiro (Jean Felipe).
Meninas jogando. Imagem: Acervo exclusivo do Eu, Brasileiro (Jean Felipe).

Chamar o Brasil de “País do futebol” pode parecer um título justo, especialmente durante o clima fervoroso de Copa do Mundo, no entanto, a paixão dos brasileiros por jogos vai muito além das quatro linhas. Os eSports, competições relacionadas a games, emergiram como uma forma de entretenimento de destaque, consolidando-se como um entretenimento de alcance popular.

Nos últimos anos, o cenário dos eSports também tem testemunhado uma mudança positiva significativa com o crescimento notável da presença de mulheres. O que antes era considerado predominantemente um domínio masculino, agora vê cada vez mais mulheres assumindo papéis de destaque como jogadoras, streamers, comentaristas e líderes de equipes.

Segundo um estudo recente, divulgado pelo grupo de pesquisas “Game Brasil”, as mulheres hoje representam incrivelmente cerca de 51% do público gamer no Brasil, e isso traz um novo olhar muito positivo ao mercado, assim por dizer.

Vídeo complementar sobre mulheres nos jogos. Kritikê podcast.

Por exemplo, o crescimento das mulheres gamers, competindo e se interessando pelo assunto neste meio, é crucial por promover diversidade, inclusão e mudanças positivas na comunidade. Essa presença ajuda a trazer novas perspectivas, até mesmo de estratégias in-game, também desafiando estereótipos de gênero que associam os games exclusivamente ao público masculino, fazendo empresas no setor abrirem espaço para outros tipos de jogos e a novas ideias.

Essa inclusão combate a toxicidade infelizmente ainda presente, criando um ambiente mais acolhedor e respeitoso. Mulheres bem-sucedidas no cenário de eSports podem inspirar outras jogadoras, incentivando maior participação e fortalecendo a representatividade feminina nos jogos eletrônicos, o que impulsiona a evolução dos eSports como um todo.

Quais as plataformas que as mulheres mais utilizam?

Ainda segundo a Pesquisa Game Brasil, a plataforma mais popular para as mulheres têm sido os smartphones. Os motivos para isso são, principalmente, o acesso rápido e prático aos jogos em celulares, sem contar questões ligadas aos menores custos envolvidos para a sua entrada, que acaba saindo muito mais em conta quando comparado com outros consoles e PCs.

Divisão de gêneros por plataformas de jogo. Fonte: Pesquisa Games Brasil.

Apesar da presença massiva das mulheres especificamente em smartphones (60,4%), isso não implica que, posteriormente, tanto o console quanto o computador também não se tornem componentes da participação das mulheres neste universo. Em busca de profissionalização ou novas experiências, elas estão cada vez mais se aventurando em jogos fora do âmbito de celulares. A Pesquisa também revela que o uso de consoles por mulheres atingiu 36,1%, enquanto o uso de computadores ultrapassou os 41,1%.

Apesar dos avanços, há desafios

Apesar dos avanços notáveis, é crucial reconhecer que as mulheres ainda enfrentam obstáculos no mercado. Infelizmente, a maioria desses obstáculos está ligada a questões de misoginia. Uma mulher que entra em um servidor para jogar Rainbow Six ou Counter-Strike ainda corre um grande risco de ter que ouvir brincadeiras desrespeitosas e machistas, propriamente expostas e discutidas em comunidades. Mostrando que há ainda no que se avançar, apesar de possivelmente estarmos entrando numa menor escala em relação a esses problemas, conforme os anos passam.

Pensando nisso, a agência de publicidade Africa, em parceria com a ONG norte-americana Wonder Women Tech, lançou a campanha #MyGameMyName, divulgada pelo Google, que busca conscientizar sobre o assédio que mulheres enfrentam no ambiente gamer. A iniciativa desafiou criadores de conteúdo, streamers e influenciadores homens a jogarem online utilizando nomes femininos, expondo na prática os ataques e comentários machistas direcionados às mulheres. A ação gerou impacto ao revelar o preconceito presente nos jogos online, incentivando a reflexão e promovendo um debate mais amplo sobre respeito e inclusão na comunidade gamer.

O mais importante para se pensar sobre isso sem ter a necessidade de qualquer envolvimento “direto” com um movimento talvez seja: O que estamos fazendo para corroborar com uma comunidade menos tóxica para todos? Afinal, onde há um ambiente bom para todos, todos ganham.

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