Como funciona o Sistema Toyota de Produção? Guia resumido

O Sistema Toyota de Produção (TPS) otimiza eficiência e qualidade por meio de práticas como Just-in-Time, Jidoka, Kanban, Kaizen e os princípios 5S.
Lucas Morais, Jean Felipe em 14/set/24, atualizado 16/set/24 às 14h – Compartilhe
Motor híbrido da Toyota. Acervo do Pexels (Creative Commons).
Motor híbrido da Toyota. Acervo do Pexels (Creative Commons).

A Toyota é mundialmente reconhecida por seu modelo de excelência operacional, conhecido como Sistema Toyota de Produção (TPS) ou Lean Manufacturing, que visa melhorar a eficiência e a qualidade dos produtos.

Ao longo das décadas, a Toyota aprimorou e refinou esse modelo, estabelecendo um padrão de excelência que tem sido estudado e adotado por empresas de diversos setores em todo o mundo. A implementação do TPS não só resultou em melhorias significativas nos processos de produção da Toyota, mas também influenciou profundamente a forma como outras organizações abordam a gestão e a melhoria contínua.

Como surgiu o Sistema Toyota de Produção? Quem são os criadores?

Durante o período pós-Segunda Guerra Mundial, as grandes fábricas japonesas enfrentaram uma urgente necessidade de aumentar a eficiência em seus processos produtivos. O Japão, com seu território limitado, sofreu devastadoras consequências do conflito, resultando em escassez de mão de obra e matéria-prima. Diante desses desafios, as fábricas japonesas foram severamente impactadas, enfrentando grandes dificuldades para se recuperar e reconstruir suas operações.

Nesse contexto de escassez, inspirada pelas ideias de Taiichi Ohno e Eiji Toyoda, a Toyota desenvolveu práticas para otimizar sua produção, como eliminar desperdícios e padronizar tarefas.

Taiichi Ohno foi o engenheiro japonês que criou o Sistema Toyota de Produção, ajudando a eliminar desperdícios e melhorar a eficiência nas fábricas da Toyota. Ele também desenvolveu o Kanban e o conceito de Just-in-Time.

Eiji Toyoda foi o líder da Toyota que ajudou a empresa a crescer e apoiou Taiichi Ohno na criação e expansão do sistema de produção que tornou a Toyota famosa pela sua qualidade e eficiência.

O TPS foi inspirado em uma viagem de Ohno aos EUA em 1953, onde ele notou que os americanos compravam produtos apenas na quantidade que precisavam. Após voltar ao Japão, Ohno desenvolveu o Kanban, um sistema que usa cartões para controlar a produção conforme a demanda, aumentando a eficiência e reduzindo o desperdício.

Quais são os “pilares” do sistema da Toyota?

O Sistema Toyota de Produção baseia-se em dois princípios essenciais que constituem a base de sua filosofia: Just-in-Time (JIT) e Jidoka. Esses fundamentos colaboram de maneira integrada para assegurar eficiência e qualidade, eliminando desperdícios e valorizando a capacidade dos trabalhadores.

Um resumo de como funciona o Sistema Toyota de Produção
Parte traseira do Toyota GR86. Foto: Matt Jenssen / Acervo do Pexels (Creative Commons).

Just-in-time: A abordagem da produção sob demanda

O Just-in-Time sincroniza a produção com a demanda, fabricando apenas o necessário, na quantidade e no momento certo. Esse princípio do TPS busca reduzir imperfeições causadas pela produção “exagerada” de carros em uma multinacional do tipo e pelo excesso de estoque. Dessa forma, a empresa pode reduzir os custos de armazenamento, liberar capital vinculado ao estoque e aprimorar a eficiência do fluxo de trabalho.

Para que o Just-in-Time seja implementado com sucesso, é necessário compreender de forma precisa a demanda dos clientes e garantir uma comunicação eficiente em todas as áreas que suprem a produção. Isso geralmente implica em uma transformação cultural substancial dentro da organização, pois envolve a transição de um modelo de produção onde a quantidade produzida é impulsionada pela demanda real do produto, evitando previsões errôneas ao máximo.

Jidoka: O que é?

O Jidoka é um conceito japonês que garante a correção imediata de problemas na produção. Ele faz com que a máquina pare automaticamente ao detectar uma falha, evitando a produção de peças defeituosas e desperdício.

O Jidoka confere às máquinas a habilidade de detectar falhas e interromper sua operação, evitando a produção de itens defeituosos. Essa funcionalidade permite que os problemas sejam prontamente corrigidos, assegurando que apenas produtos de alta qualidade prossigam na linha de produção.

Além disso, o processo possui um aspecto humano significativo. Ele capacita os trabalhadores a intervirem no processo produtivo, podendo parar a linha de montagem caso identifiquem qualquer anomalia.

As técnicas e ferramentas usadas no Sistema

Além das filosofias praticadas pela Toyota em sua produção, existem técnicas que possibilitam a implementação dessas filosofias de forma mais eficiente. Essas técnicas foram desenvolvidas ao longo do tempo, graças a uma constante reavaliação do processo produtivo da empresa. As principais ferramentas utilizadas pelo Sistema Toyota de Produção são:

Kanban

Conforme explicado antes, a técnica Kanban foi criada por Taiichi Ohno após uma viagem aos Estados Unidos. O termo “Kanban” significa “cartão visual” em japonês e é um sistema que usa cartões ou sinais visuais para indicar quando e quantos itens devem ser produzidos ou movidos em cada etapa do processo, ajudando a controlar o fluxo de trabalho e evitar desperdícios.

Eficiência e excelência: Como funciona o Sistema Toyota de Produção?
Linha de produção de fábrica da Toyota no Reino Unido. Acervo do Flickr (Creative Commons).

Cada cartão Kanban representa uma unidade de produção ou lote de materiais e é usado para solicitar reposição de itens conforme são consumidos. Quando o estoque de um item atinge um nível pré-definido, o cartão correspondente é enviado ao processo anterior ou ao fornecedor, sinalizando que é hora de reabastecer, garantindo um fluxo contínuo e eficiente na produção.

Kaizen

O termo “Kaizen” é composto por duas palavras japonesas: “kai”, que significa mudança, e “zen”, que significa bom. Assim, Kaizen pode ser traduzido como “melhoria contínua”. Na Toyota, o Kaizen é incorporado à cultura organizacional, sendo uma prática diária e sistemática. Os funcionários são incentivados a melhorar continuamente os processos, reduzir desperdícios, eliminar atividades que não agregam valor e aprimorar a qualidade dos produtos e serviços.

Ferramenta dos “5S”

“5S” é uma abreviação de cinco palavras japonesas que representam os princípios fundamentais dessa ferramenta: “Seiri” (senso de utilização), “Seiton” (senso de organização), “Seiso” (senso de limpeza), “Seiketsu” (senso de padronização) e “Shitsuke” (senso de disciplina).

Esses cinco princípios são aplicados de forma sistemática para melhorar a eficiência, a segurança, a qualidade e o ambiente de trabalho. O “Seiri” envolve a identificação e a eliminação de itens desnecessários no local de trabalho, mantendo apenas o que é essencial para as operações. O “Seiton” trata da organização adequada dos itens restantes, de modo que eles estejam facilmente acessíveis e visíveis para todos. O “Seiso” refere-se à prática de limpeza regular e manutenção do local de trabalho, garantindo um ambiente seguro e saudável para os funcionários.

O “Seiketsu” busca estabelecer padrões de limpeza e organização em toda a empresa, garantindo a consistência e a padronização das práticas em diferentes áreas e equipes. Por fim, o ‘Shitsuke’ reforça a disciplina e o compromisso em manter essas boas práticas.

Hoshin Kanri

Hoshin Kanri, ou gerenciamento de políticas, é uma estratégia que alinha as iniciativas de melhoria contínua com os objetivos da empresa, garantindo que todos trabalhem nas mesmas metas principais. Aqui, concluindo as técnicas e os princípios mais básicos do Sistema Toyota de Produção.

Para informações aprofundadas sobre o sistema e todas as suas nuances, sugerimos o livro “Sistema Toyota de Produção: Uma Abordagem Integrada ao Just in Time” por Yasuhiro Monden, lançado no Brasil pela editora Bookman.

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