Para quem acompanha a Bundesliga, chegou ao fim a espera: o Bayer Leverkusen conquistou finalmente o título do Campeonato Alemão, uma vitória que vai além do ineditismo do título. O time de Leverkusen (chamado maldosamente, em outros períodos, pelo trocadilho “Neverkusen”) conseguiu um feito que parecia quase impossível: quebrar a hegemonia do Bayern de Munique na competição – o clube bávaro que havia vencido onze títulos seguidos.
Destronar o Bayern, apesar de um feito histórico, não é suficiente para resumir a grandeza do trabalho de Xabi Alonso a frente do Leverkusen. Sob o comando do ex-jogador espanhol, o time bater o recorde de jogos invictos entre clubes europeus no século XXI. Além disso, o time está muito vivo na Copa da Alemanha e na UEFA Europa League. A chance de conquistar até três títulos em um ano, a invencibilidade e o estilo cativante das exibições em campo têm transformado o Leverkusen de Xabi Alonso em uma verdadeira sensação no cenário do futebol europeu.
Uma aposta que deu certo
Durante a temporada 2022-23, após oito rodadas, o Bayer Leverkusen ocupava a péssima penúltima posição na Bundesliga. Em 5 de outubro, a diretoria optou por demitir o suíço Gerardo Seoane e apostar no espanhol Xabi Alonso, cuja única experiência anterior como treinador tinha sido no time B da Real Sociedad.
O clube alemão foi assertivo. Escolheu o técnico, bancou a escolha e demonstrou confiança em sua abordagem. Também contratou novos jogadores que se encaixavam no estilo de jogo de Xabi Alonso e na cultura do clube. Agora, o Leverkusen está colhendo os resultados de um trabalho muito bem-feito nesta temporada.
Entre os jogadores que o clube trouxe, muitos eram igualmente apostas. Com o poderio financeiro menor do que o seu rival, Bayern, o Leverkusen tinha uma margem de erro menor e, por isso, teve que fazer um trabalho de prospecção impecável. O primeiro a chegar foi Álex Grimaldo, que assinou um contrato de quatro anos com o clube, sem custos. Após ele, o Bayer Leverkusen desembolsou 25 milhões de euros ao Arsenal para contar com a experiência de Granit Xhaka no meio-campo. Para garantir Jonas Hofmann, o time pagou 10 milhões de euros ao Borussia Mönchengladbach. No ataque, o nigeriano Victor Boniface foi adquirido do Union Saint-Gilloise por 20,5 milhões de euros.
Esses quatro jogadores acabaram sendo fundamentais para a equipe, que conta também com um destaque formidável: Florian Wirtz, de apenas 20 anos. O jogador foi formado no Leverkusen e subiu para o profissional com grandes expectativas, no entanto, sofreu com uma grave lesão em 2022 que o tirou dos gramados por um bom tempo. Mesmo com desconfianças, houve paciência com Wirtz e, aos poucos, o jogador foi demonstrando o seu talento em campo.
Com tudo isso, fica óbvio perceber a importância de um bom planejamento de futebol para uma equipe profissional. Ainda que haja desconfianças, seguir um modelo de excelência envolve paciência, persistência e certeza daquilo que se quer alcançar. Xabi Alonso, Wirtz e boa parte dos jogadores que compõem o elenco do Leverkusen são a prova viva disso.
Taticamente, como joga o Bayer Leverkusen de Xabi Alonso?
Sob a tutela de Xabi Alonso, o Bayer Leverkusen adotou a variação tática do 3-4-3 durante as posses de bola, com os alas fechando a linha de cinco quando o time defende, fazendo a formação ficar em um 4-5-1. Kossounou, Jonathan Tah e Edmond Tapsoba compõem um trio de zagueiros extremamente sólido; no meio-campo, Xhaka dita o ritmo, com a companhia de Robert Andrich ou Exequiel Palacios.
Pelos lados do campo, estão as principais forças ofensivas da equipe, que tem o rapidíssimo Jérémie Frimpong e Álex Grimaldo atuando na esquerda e na direita, respectivamente. Hofmann dá o equilíbrio necessário para o time, enquanto o ataque fica o ataque fica, principalmente, por conta de Wirtz e Boniface, que são os maiores destaques do time.
Ao contrário de outras equipes do porte do Bayer Leverkusen, que conseguiram atingir o sucesso em alguma temporada, nenhuma delas possuía as características que o time de Xabi Alonso possui. O Bayer é uma equipe que tem a bola, é agressiva e ataca bastante. Não é um time retraído, que joga fechadinho por uma bola longa no contra-ataque. Com frequência, os alas da equipe assumem um papel ofensivo, adentrando a área para finalizar cruzamentos provenientes do lado oposto, comportamento reminiscente dos tradicionais pontas.
Uma outra curiosidade sobre a equipe alemã, é a quantidade de jogadores jovens que o time possui. Apenas 10 dos 30 jogadores no elenco do Leverkusen têm mais de 25 anos, isso demonstra a mentalidade de longo prazo e, novamente, paciência, que parece ser a palavra chave para as conquistas do clube.
Desde a tática empregada até a composição do elenco, incluindo a resiliência mental e o trabalho exemplar conduzido por um treinador jovem e corajoso, o título do Leverkusen é indiscutível e merece ser comemorado e lembrado como um exemplo de trabalho.