Lançado em 2013 pela Irrational Games e publicado pela 2K Games, BioShock Infinite é um first-person shooter que combina ação intensa com uma narrativa profunda e filosófica. Situado na cidade flutuante de Columbia, o jogo se diferencia de seus predecessores ao trocar as profundezas sombrias de Rapture pelos céus luminosos e ideais distorcidos de uma sociedade utópica que esconde segredos terríveis. Com gráficos impressionantes para a época, uma trilha sonora imersiva e um sistema de combate dinâmico que incorpora poderes sobrenaturais (chamados de “Vigores”), BioShock Infinite cativa não apenas pela jogabilidade, mas também por sua história complexa e personagens memoráveis.
O jogo é protagonizado por Booker DeWitt, um ex-pinkerton com um passado conturbado, que é enviado a Columbia para resgatar Elizabeth, uma jovem misteriosa mantida em cativeiro. Conforme a trama se desenrola, o jogador é levado a questionar conceitos como determinismo, multiverso e as consequências das escolhas humanas. A ambientação ricamente detalhada e os diálogos afiados fazem de BioShock Infinite uma experiência que vai além de um simples jogo de tiro.
Enredo (Com Spoilers)
A história começa com Booker DeWitt recebendo a missão de encontrar e trazer Elizabeth para liquidar uma dívida. Ao chegar em Columbia, ele descobre uma cidade que, à primeira vista, parece um paraíso flutuante, mas que esconde uma sociedade extremamente segregada, governada por um fanático religioso chamado Zachary Hale Comstock. Comstock é venerado como um profeta e controla a população com ideais nacionalistas e racistas, enquanto Elizabeth, sua “filha”, é mantida trancada em uma torre por possuir habilidades especiais de manipular “rasgos” no espaço-tempo.
Conforme Booker e Elizabeth fogem juntos, eles descobrem que sua conexão é muito mais profunda do que imaginavam. Elizabeth não é apenas uma refém, mas uma peça fundamental no plano de Comstock para manter seu domínio sobre Columbia. Ao longo da jornada, o jogador testemunha reviravoltas chocantes, incluindo a revelação de que Booker e Comstock são, na verdade, versões alternativas do mesmo homem em linhas temporais diferentes. A dualidade entre os dois personagens explora temas de redenção e consequências de escolhas passadas.
*ALERTA DE SPOILERS*
No clímax da narrativa, descobre-se que a única maneira de quebrar o ciclo de violência e evitar que Comstock exista em qualquer realidade é através do sacrifício de Booker. Em uma das cenas finais mais impactantes dos jogos, múltiplas versões de Elizabeth afogam Booker antes que ele possa tomar a decisão que levaria ao nascimento de Comstock. O final ambíguo e filosófico deixa questões em aberto, convidando o jogador a refletir sobre livre-arbítrio, destino e o peso das ações.
Personagens Principais
Booker DeWitt: Protagonista e jogável, um homem marcado por traumas de guerra e culpa, em busca de redenção.
Elizabeth: Jovem com poderes de manipular rasgos dimensionais, inicialmente ingênua, mas que amadurece ao longo da história.
Zachary Hale Comstock: Antagonista principal, líder fanático de Columbia que acredita em um destino divino.
Lutece (Rosalind e Robert): Cientistas enigmáticos que observam e manipulam os eventos através de diferentes realidades.
Movimentação Mais Fluída e o Uso de “Vigores”
BioShock Infinite mantém a essência da franquia ao combinar first-person shooter com elementos de RPG e narrativa imersiva, mas introduz diversas inovações em relação aos seus predecessores. Diferentemente dos jogos anteriores, que se passavam na cidade subaquática de Rapture, Infinite se desenrola em Columbia, um ambiente aberto e vertical, com locais mais expansivos e combates em plataformas aéreas. A adição do Skyline — um sistema de trilhos suspensos que permitem movimento rápido e dinâmico — trouxe uma nova camada de mobilidade ao combate, incentivando estratégias agressivas e fluidas. Além disso, o jogo abandonou o sistema de hacking presente em BioShock 1 e 2, substituindo-o por um combate mais direto e focado nos Vigores (poderes especiais) e armas convencionais.
Os Vigores funcionam de maneira semelhante às Plasmids de Rapture, concedendo habilidades sobrenaturais como lançar bolas de fogo (Devil’s Kiss) ou controlar inimigos (Possession). No entanto, Infinite expande suas utilidades, permitindo combinações estratégicas, como eletrocutar inimigos em poças d’água criadas pelo Vigor “Murder of Crows”. Outra diferença significativa é a ausência de escolhas morais explícitas (como salvar ou colher Little Sisters), embora decisões sutis ainda influenciem diálogos e certos eventos. O sistema de upgrades também foi simplificado: em vez de múltiplas estações de Gene Tonics, o jogador aprimora armas e Vigores em máquinas espalhadas pelo cenário, usando dinheiro coletado.
Parceria com Elizabeth
Um dos maiores diferenciais de Infinite é a parceria com Elizabeth, que não apenas enriquece a narrativa, mas também impacta a jogabilidade. Diferentemente de companheiros AI tradicionais, ela não precisa ser protegida e ajuda ativamente no combate, jogando itens como munição, salts (recursos para Vigores) e até mesmo abrindo rasgos que alteram o cenário em tempo real — como trazer cobertura ou armas poderosas de outras dimensões. Essa mecânica adiciona um elemento tático único, incentivando o jogador a se adaptar rapidamente às situações. Além disso, a ausência de vitachambers (checkpoints infinitos) e a introdução de um sistema de escudo regenerativo aproximam o combate de shooters modernos, tornando-o mais acessível sem perder a profundidade estratégica.
Curiosidades
Columbia foi inspirada na Exposição Mundial de 1893 em Chicago: A cidade flutuante do jogo reflete o otimismo tecnológico e o nacionalismo extremo da virada do século XX, misturando arquitetura neoclássica com invenções steampunk, criando um visual único que contrasta com a decadência art déco de Rapture.
O jogo originalmente teria um multijogador competitivo: Durante o desenvolvimento, a Irrational Games testou um modo PvP com mecânicas de Vigores e Skyline, mas a ideia foi descartada para focar na experiência single-player, sendo que alguns conceitos foram reaproveitados nos DLCs.
O final do jogo foi reescrito mais de 15 vezes: A equipe de narrativa queria garantir que a revelação sobre Booker e Comstock fosse impactante, mas também coerente com as regras do multiverso estabelecidas, o que exigiu ajustes até o último momento de produção.
A cena do primeiro contato com Columbia foi inspirada em O Mágico de Oz: Assim como o filme muda do preto e branco para o colorido quando Dorothy chega em Oz, o jogo usa luz e cor para marcar a transição do mundo “normal” para a grandiosidade de Columbia.
O nome “Songbird” (o guardião de Elizabeth) veio de uma lenda urbana real: Os desenvolvedores basearam-no em histórias do século XIX sobre pássaros mecânicos criados por inventores excêntricos, uma mistura de mito e tecnologia retrô que define o tom do jogo.
