Clair Obscur: Expedition 33 é um RPG de ação em terceira pessoa desenvolvido pelo estúdio francês Sandfall Interactive, lançado em abril de 2025 para Xbox Series X|S, PlayStation 5 e PC.
O jogo combina combate por turnos com ação em tempo real, oferecendo uma experiência dinâmica e estratégica ao mesmo tempo. Seu maior destaque está na direção de arte, que transforma o mundo em uma verdadeira pintura viva — com influência do romantismo francês, arte clássica e surrealismo. A narrativa é emocional, sombria e simbólica, abordando temas como memória, morte e destino.
Desde seu lançamento, Clair Obscur tem sido elogiado pela crítica e pelos jogadores, tanto por seu visual único quanto pela forma inovadora com que mistura mecânicas de combate tradicionais com elementos modernos.
Enredo

O mundo de Clair Obscur: Expedition 33 é um lugar devastado pela arte e pelo tempo. Uma entidade enigmática conhecida apenas como “A Pintora” domina esse universo há gerações, exercendo seu poder por meio de uma magia incompreensível: todos os anos, ela pinta um número em sua gigantesca tela, e todas as pessoas com a idade correspondente desaparecem completamente — não apenas morrem, mas são apagadas da memória coletiva, como se nunca tivessem existido.
Essa maldição é conhecida como A Contagem, e a sociedade inteira vive em função dela, com medo constante de desaparecer. Não há como escapar: quando o número é pintado, não importa onde você esteja ou quem seja — o desaparecimento é imediato e absoluto.
A protagonista da história é Matii, uma guerreira de 32 anos que perdeu amigos, família e até partes de si mesma por causa da Contagem. Agora, com o número 33 se aproximando, ela sabe que seu tempo está acabando. Junto com um grupo de combatentes conhecidos como Expedição 33, Matii parte em uma jornada desesperada e talvez suicida: encontrar “A Pintora” e destruí-la, quebrando o ciclo antes que o próximo número seja escrito.
Ao longo da campanha, o jogador acompanha Matii por paisagens oníricas e distorcidas, criadas a partir das emoções, memórias e traumas da humanidade — como se o mundo inteiro fosse um grande reflexo da psique coletiva. Cada área é quase como um quadro em movimento, com elementos simbólicos que representam tanto a beleza quanto a dor da existência.
A jornada não é apenas física, mas também espiritual e filosófica. Matii deve confrontar figuras do seu passado, enfrentar inimigos que representam o medo, a culpa, a negação e o luto — tudo isso enquanto tenta manter sua própria identidade intacta diante do risco constante de ser esquecida como tantos outros.
Personagens Principais

Matii
A protagonista da história e membro central da Expedição 33. Matii é uma guerreira experiente e emocionalmente marcada pelas perdas causadas pela Contagem. Determinada, introspectiva e muitas vezes movida pela culpa e pela raiva, ela representa a resistência contra o esquecimento. Seu passado é revelado gradualmente, e suas decisões moldam o rumo da história. Mais do que uma combatente, Matii é o símbolo da última esperança da humanidade.
Rhein
O estrategista da Expedição. Frio, calculista e altamente racional, Rhein já perdeu dois irmãos para a Contagem e acredita que a missão é o único caminho possível. Ele frequentemente entra em conflito com Matii por suas abordagens mais pragmáticas. Apesar da aparência rígida, guarda um profundo medo do fracasso e da responsabilidade que carrega sobre os ombros.
Selene
Mística e silenciosa, Selene é uma curandeira que usa uma forma de magia ligada às memórias esquecidas. Ela enxerga o mundo através da energia residual daqueles que foram apagados, o que a torna uma figura quase espiritual. Selene tem uma conexão misteriosa com A Pintora, sugerindo que seu papel na jornada pode ser mais ambíguo do que parece.
Orren
Brutal e impulsivo, Orren é o tanque da equipe. Antigo soldado, viu seus filhos desaparecerem na pintura dos números 7 e 9. Desde então, tornou-se obcecado por destruir a Pintora. Embora aparente ser dominado pela fúria, sua relação com Matii mostra um lado protetor e paternal. Muitas vezes serve como alívio cômico, mas é também uma das vozes mais emocionais da expedição.
Naëlle
A mais jovem do grupo, Naëlle é uma especialista em tecnologia e artefatos antigos. Ela representa a nova geração tentando entender o passado. Ao longo do jogo, seu entusiasmo inicial vai se transformando em maturidade, à medida que ela presencia a crueldade da Contagem. Desenvolve uma ligação com Matii baseada na confiança e no desejo de construir um futuro diferente.
A Pintora
Figura central da narrativa e fonte do ciclo de destruição. Nunca fala diretamente, mas sua presença é sentida em todo o mundo, como uma força divina ou maldita. Sua motivação não é clara: estaria ela tentando punir a humanidade, preservar a arte ou apenas cumprir um destino inevitável? Sua história é revelada em fragmentos — por pinturas, visões e confrontos internos dos personagens — até que a verdade venha à tona.
Curiosidades

- O nome do jogo, Clair Obscur, é uma expressão francesa que significa “claro-escuro”, técnica usada nas artes plásticas para destacar o contraste entre luz e sombra — refletindo tanto o estilo visual quanto o tom emocional do game.
- O combate mistura ação em tempo real com elementos de RPG por turnos, similar a jogos como Final Fantasy VII Remake.
- A estética é fortemente influenciada pela arte clássica europeia, incluindo estilos de pintores como Delacroix e Gustave Doré.
- O estúdio Sandfall Interactive foi fundado por ex-desenvolvedores da Ubisoft, e Clair Obscur é seu projeto de estreia.
- O jogo está sendo desenvolvido na Unreal Engine 5, com foco em fidelidade gráfica e física realista
Recepção da Crítica
Clair Obscur: Expedition 33 foi lançado com grande aclamação da crítica e rapidamente se destacou como um dos melhores RPGs de 2025. Com média de 92% no OpenCritic e destaque no Metacritic, o jogo foi elogiado principalmente por sua direção de arte inspirada no claro-escuro e pela ambientação única baseada na Belle Époque francesa. A combinação inovadora entre combate por turnos e ação em tempo real também recebeu muitos elogios, assim como a profundidade emocional da narrativa.
Diversos veículos especializados, como The Times, Windows Central e GamesRadar, destacaram o roteiro maduro, o elenco vocal de alto nível e a forma como o jogo evita clichês típicos dos JRPGs, apostando em personagens mais adultos e introspectivos. A estética visual e sonora, além do uso criativo de mecânicas como esquivas e parries dentro dos turnos, foram vistos como diferenciais importantes.
Apesar do sucesso, o jogo não escapou de algumas críticas. Problemas técnicos menores como clipping e pop-in foram observados, e alguns jornalistas apontaram que o sistema de tempo pode ser exigente para jogadores menos experientes. Ainda assim, Expedition 33 conquistou o público, vendeu mais de 3 milhões de cópias em pouco mais de um mês, e firmou a Sandfall Interactive como um novo estúdio promissor na indústria de games.