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Por que os carros de Fórmula 1 não usam câmbios automáticos?

Entenda como os pilotos fazem para trocar as marchas quando estão pilotando o carro de Fórmula 1.
Lucas Morais em 15/jul/24, atualizado 15/jul/24 às 18h – Compartilhe
Carro da Red Bull. Acervo do Wikimedia Commons.
Carro da Red Bull. Acervo do Wikimedia Commons.

Os carros de Fórmula 1 são máquinas de alta performance projetadas para atingir grandes velocidades em pistas desafiadoras. Uma característica importante desses veículos é o uso de transmissões semiautomáticas, que diferem dos sistemas automáticos comuns em carros de passeio.

O câmbio semiautomático permite aos pilotos trocar de marcha sem tirar as mãos do volante, melhorando a agilidade e eliminando erros de engate que poderiam danificar o câmbio. Este artigo explora por que a Fórmula 1 prefere transmissões semiautomáticas, mesmo com a avançada tecnologia disponível.

Como funciona o câmbio semiautomático em um carro de Fórmula 1?

Conforme dito, os carros de Fórmula 1 usam câmbio semiautomático, operado por duas alavancas atrás do volante, chamadas de paddles. Diferente dos carros comuns, eles não têm pedal de embreagem. A embreagem só é usada na largada, acionada por uma terceira alavanca. O piloto engata a primeira marcha e solta a embreagem para começar a correr. Depois disso, todas as trocas de marcha são feitas usando as alavancas no volante.

Uma curiosidade sobre esse modelo é que, semelhante ao das motocicletas, ele opera de forma sequencial: se o carro está na quarta marcha, só é possível descer para a terceira ou subir para a quinta. Não é possível realizar pulos entre marchas. Essa tecnologia, chamada de “paddle shift” ou “câmbio borboleta”, suaviza muito as trocas de marcha e, com isso, consegue resolver um dos problemas mais antigos que atingia os carros de Fórmula 1: as quebras na caixa de câmbio, que eram muito comuns nos anos 60, 70 e 80, quando as equipes ainda usavam o câmbio manual, com a marcha ocupando o espaço dentro do cockpit.

O ex-piloto da F1, David Couthard, explicando como funciona a troca de marchas no carro de F1. Youtube.

Com o passar do tempo, essa tecnologia ficou ultrapassada, além de proporcionar bem menos confiabilidade, visto que qualquer erro na hora de passar a marcha, poderia causar acidentes como o rompimento da correia do câmbio. Esses problemas eram suficientes para fazer o carro perder muita performance, o que causava vários abandonos de prova.

Por quê a Fórmula 1 não usa o câmbio totalmente automático?

A categoria até chegou a fazer uso dos chamados câmbios automáticos, mas isso durou pouco tempo. Entre 2001 e 2003, algumas equipes tentaram implementar a tecnologia de câmbio automatizado, mas os resultados não foram tão positivos. A natureza altamente competitiva e exigente da Fórmula 1 requer um alto nível de controle por parte dos pilotos. O uso de um câmbio automático elimina a capacidade dos pilotos de ajustar as marchas de acordo com as demandas específicas de cada circuito e situação de corrida, comprometendo a performance e a estratégia.

Além disso, os sistemas automáticos podem ser mais pesados e menos eficientes em termos de resposta rápida, o que é crucial em um ambiente de corrida onde cada milissegundo conta. A partir de 2004, a Fórmula 1 proibiu o uso do câmbio automático alegando que a destreza na manipulação do câmbio reflete diretamente na habilidade do piloto e, cabe a F1 premiar não apenas os melhores carros, claro, mas também os melhores pilotos.

Mesmo sem a proibição, é provável que as equipes não adotassem o câmbio automático pelos motivos citados anteriormente. Ainda assim, essa foi uma das várias tecnologias desenvolvidas e testadas pela Fórmula 1, que hoje são aplicadas em carros de passeio. Atualmente, uma boa parte dos carros já saem de fábrica com o câmbio automático.

No Brasil, um levantamento apresentado no ano de 2020, mostrou que os veículos equipados com câmbio automático dominaram o mercado, correspondendo a 52,6% das vendas de carros de passeio e comerciais leves, enquanto os modelos com câmbio manual ficaram em uma fatia menor, representando apenas 47,4%. Em 2022, os carros automáticos já representavam cerca de 57% dos carros 0km do país.

O câmbio automático pode não ter dado muito certo na principal categoria do automobilismo, mas é muito valorizado pelos motoristas casuais, sobretudo nos últimos anos. Isso mostra que, além da competição, desenvolver e testar mecanismos inovadores que servem ao público geral, também é uma das funções da principal categoria do automobilismo mundial.

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