MarcaMarca+

Negação de patente da Nintendo reacende debate e especialista explica riscos

“O examinador provavelmente não considerou totalmente o escopo da arte prévia nos jogos, ou não entendeu o quão comuns as mecânicas já eram", explica Florian Mueller.
Eu, Brasileiro em 20/nov/25, atualizado 20/nov/25 às 02h – Compartilhe: , ,
Palworld. Imagem: Divulgação.
Palworld. Imagem: Divulgação.

A Nintendo e a The Pokémon Company receberam há algumas semanas um revés relevante no Japão, com o escritório japonês de patentes rejeitando um pedido da empresa relacionado a uma mecânica de “subpersonagem”: basicamente, a ideia de chamar um personagem auxiliar para se mover e participar de combates. A decisão, além de barrar o registro, reacendeu uma discussão antiga: até onde é justo patentear mecânicas básicas de jogos?

De acordo com o parecer, a mecânica descrita pela Nintendo não apresenta novidade suficiente para ser protegida. Isso porque vários jogos anteriores já trabalhavam conceitos semelhantes de invocação ou suporte de aliados.

Outro ponto que chamou atenção foi a redação do pedido. O texto usava termos extremamente abrangentes, como “meio de armazenamento” e “sistema de processamento de jogo”, além de tratar esses personagens adicionais como “sub-characters”. Essa escolha de palavras poderia enquadrar desde jogos com batalhas diretas até experiências completamente diferentes do esperado.

Para muitos desenvolvedores independentes, esse é o verdadeiro problema: mesmo que uma patente assim não seja fácil de aplicar, o simples fato de existir já cria insegurança a todos.

A recusa no Japão chegou rapidamente às redes sociais e fóruns de discussão. Em comunidades como Reddit, a notícia gerou debates sobre o impacto desse tipo de patente na indústria, e o que viria a seguir. A comunidade de ARK, por exemplo, têm tratado em debates como mecânicas e estilo artístico do jogo, usam ideias parecidas, mas em um contexto completamente diferente.

A nova patente da Nintendo poderia impactar fortemente toda a indústria de games, mas foi negada.
ARK Survival Evolved. Imagem: Divulgação.

Nas conversas, o ponto mais citado é o mesmo: se patentes muito amplas forem aprovadas, qualquer mecânica que lembre uma ideia pré-existente pode virar alvo de disputa, algo impensável para uma indústria que depende justamente de inspiração, evolução e reinvenção.

Um caso de estudo, é como o analista jurídico de propriedade intelectual Florian Mueller observou e deixou claro ao site internacional Windows Central: “o examinador provavelmente não considerou plenamente o escopo da arte prévia nos videogames, ou não compreendeu quão comuns eram as mecânicas de invocação”, explicando que foi um erro evidente terem até mesmo aprovado para análise algo desse escopo.

Como Florian Mueller vê a ação da Nintendo quanto a patentes de jogabilidade

Mueller comenta frequentemente que Nintendo tenta registrar ideias muito amplas, que não deveriam ser patenteáveis porque:

  • são mecânicas de jogo e não invenções técnicas,
  • já existem há décadas,
  • e são essenciais para a criatividade do setor.

Ou seja, para ele, a empresa tenta patentear conceitos que pertencem ao domínio público do game design, deixando claro em análise que a Nintendo está puxando o sistema de patentes até o limite, afirmando que “Centenas de jogos poderiam ser impactados por patentes como essa”.

É como se a Nintendo não estivesse protegendo tecnologia, mas sim tentando “amarrar ideias“. Mueller critica o “efeito intimidatório”: mesmo que a patente não seja forte, o simples fato de existir assusta quem não tem dinheiro para lutar na justiça.

Ele explica que a Nintendo sabe exatamente o peso que carrega: É mais fácil não arriscar do que ser processado.

Basicamente, se mecânicas fundamentais forem patenteadas, o game design se torna um terreno minado.

Lista de jogos indies que usam o sistema de captura e uso de monstros.

Por enquanto, a Nintendo ainda pode revisar o pedido ou abrir outro, mas a decisão japonesa já estabelece um recado claro. O mercado de games está cada vez menos disposto a aceitar tentativas de registrar ideias tão comuns. E, ao que tudo indica, o debate sobre patentes de gameplay ainda está longe de terminar.

Clique Para ir a um Tema Relacionado:

MarcaMarca
Jogos no Eu, BR.
Onimusha: Warlords acompanha o samurai Samanosuke Akechi em sua missão para resgatar uma princesa sequestrada por demônios liderados por Nobunaga...
Crysis 2 coloca o jogador no papel de Alcatraz, um soldado com um traje nanotecnológico avançado, em uma Nova York...
Você Também Pode Se Interessar
A Nintendo foi notificada pelo Procon-SP por cláusulas abusivas que permitem bloquear permanentemente consoles Switch 2 no Brasil. Usuários relatam perda de acesso a serviços online após o uso de cartuchos alternativos.
Personagens que nunca viram a luz do dia, reflexos em troféus, mecânicas não usadas. Veja algumas verdades e curiosidades sobre Smash Bros.
Existente no mercado desde 1996, a franquia Pokémon também tem jogos desconhecidos, veja alguns deles.
Os 10 jogos de Nintendo Switch com maior aceitação da crítica, segundo um dos maiores sites agregadores de reviews de games, o Metacritic.
O Modo Discovery Tour incluso nos últimos Assassin's Creed são um exemplo notável sobre onde aprender mais sobre.
A gamescom latam 2026 promete ser a maior edição até então. Marcada para acontecer entre 30 de abril e 3 de maio.
Jogo brasileiro tem raízes nos gêneros hack 'n slash e JRPGs, e entrelaça sua narrativa à HQ de mesmo nome. Ambos estarão disponíveis na Brasil Game Show.
De arquivos do SBT a descobertas de colecionadores internacionais, episódios raros de Chaves voltam à tona, emocionam fãs e reacendem nostalgia.