6 Casos de vazamentos e roubos de dados empresariais e seus desfechos

Gigantes como Google, Apple e Meta já foram alvo de vazamentos internos e espionagem industrial, expondo os riscos e prejuízos causados por atitudes criminosas.
Lucas Morais, Jean Felipe em 27/jul/25, atualizado 27/jul/25 às 22h – Compartilhe
Warcraft 3 e carro futurista da Apple. Imagem: Eu, Brasileiro.
Warcraft 3 e carro futurista da Apple. Imagem: Eu, Brasileiro.

Casos notórios como o da Uber e o Google, ou o da Silicon Knights no universo dos games, revelam que nem mesmo empresas gigantes estão imunes a vazamentos. Com motivações variadas como o lucro pessoal, vingança, ambição, vaidade ou até ingenuidade, vazamentos acontecem muitas vezes pelos próprios funcionários agindo de má fé, ex-colaboradores ou hackers.

Seja qual for a causa, as consequências costumam ser graves — e às vezes duradouras, tanto para o lado de quem vazou estes dados quanto até para a própria empresa. A seguir, exploramos alguns episódios emblemáticos envolvendo o vazamento ou roubo de informações confidenciais em diferentes setores. Você já conhecia algum deles?

O caso Levandowski: segredos da Waymo vazam para a Uber

Em 2017, o Google (por meio de sua divisão Waymo) processou a Uber por roubo de propriedade intelectual relacionada à tecnologia de veículos autônomos.

Antes de sair do Google, Levandowski copiou cerca de 14 mil arquivos confidenciais, incluindo designs e códigos de sensores LiDAR, uma tecnologia essencial para o funcionamento de carros autônomos. Logo após sua saída, fundou a empresa Otto — adquirida pela Uber meses depois.

O Google alegou que a Uber usou parte da tecnologia roubada. O processo terminou com um acordo extrajudicial: a Uber teve que pagar US$ 245 milhões em ações para a Waymo. Levandowski foi condenado criminalmente em 2020, mas teve a pena perdoada por Donald Trump em 2021.

Apple e o engenheiro que vazou segredos do projeto Titan

O “Projeto Titan”, nome interno do suposto carro autônomo da Apple, é um dos maiores segredos da empresa. Em 2018, um ex-funcionário chamado Xiaolang Zhang foi preso ao tentar embarcar para a China com informações confidenciais sobre o projeto.

Zhang havia trabalhado na equipe de hardware da Apple e teve acesso direto a documentos sensíveis. Após anunciar que deixaria a empresa para trabalhar em uma startup chinesa de carros autônomos, a Apple começou a monitorá-lo e descobriu que ele baixou ilegalmente arquivos e circuitos do projeto.

O FBI foi acionado e ele foi preso no aeroporto de San Jose, com documentos da Apple em seu laptop. Zhang se declarou culpado em 2022, e foi condenado a pagar quase 150 mil dólares, além de 4 meses de prisão.

Imagem ilustrativa de um celular com cadeado. Acervo do Wikimedia Commons
Imagem ilustrativa de um celular com cadeado. Acervo do Wikimedia Commons

Silicon Knights x Epic Games: manipulação da Unreal Engine

Em 2007, a Silicon Knights, estúdio canadense responsável por jogos como Eternal Darkness e Too Human, foi acusada pela Epic Games de uso indevido da Unreal Engine 3. A empresa havia licenciado a engine, mas decidiu copiar partes do código e criar sua própria versão, chamada internamente de “Silicon Engine”.

Após anos de disputas judiciais, o tribunal deu razão à Epic. Ficou comprovado que a Silicon Knights usou ilegalmente o código da Unreal Engine em seus jogos. Como punição, o estúdio foi condenado a pagar US$ 9,2 milhões em indenização e destruir todos os jogos que usaram o código modificado.

A decisão foi um golpe fatal para a desenvolvedora, que encerrou suas atividades em 2014. O caso é lembrado como um dos maiores exemplos de violação de contrato e propriedade intelectual no setor de games.

Blizzard vs. Lilith Games: O caso dos ativos roubados de Warcraft III

Em 2014, a Blizzard processou as desenvolvedoras Lilith Games e uCool, acusando-as de utilizar ativos, animações, efeitos sonoros e estruturas derivadas do código de Warcraft III nos jogos Soul Clash e Heroes Charge, ambos lançados para mobile.

A denúncia afirmava que ex-funcionários ou terceiros extraíram arquivos de Warcraft III e os reutilizaram ilegalmente nos jogos mobile. Peritos forenses contratados pela Blizzard confirmaram que há sobreposição entre os arquivos de código, efeitos visuais e sons utilizados nos jogos processados e aqueles de propriedade da Blizzard.

O caso terminou em acordo confidencial em 2017, mas resultou na remoção de versões dos jogos e bloqueio de distribuição em vários países. A Blizzard também atualizou suas práticas de proteção de ativos após esse episódio.

Samsung vs. LG: o caso de espionagem industrial na disputa por telas OLED

Em 2012, seis funcionários da LG foram suspeitos de roubar segredos industriais da Samsung Display, especialmente relacionados à tecnologia OLED, usada em telas de smartphones e TVs. Esses funcionários teriam recebido cerca de US$ 168 mil em troca dessas informações confidenciais.

A Samsung processou a LG, acusando a empresa de violar sete patentes importantes e exigindo indenizações milionárias, além da suspensão dos produtos que utilizavam essas tecnologias. A LG, por sua vez, respondeu com um processo por difamação.

Após anos de investigações, a Suprema Corte da Coreia do Sul decidiu, em 2022, absolver os acusados. A corte considerou que a tecnologia chamada “Face Seal” já era conhecida publicamente em estudos acadêmicos e, portanto, não poderia ser considerada um segredo comercial protegido.

Meta e o vazamento recente de informações confidenciais

Recentemente, a Meta, empresa controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, enfrentou um grave problema interno envolvendo o vazamento de dados confidenciais. Segundo investigações divulgadas pela empresa, vários funcionários foram demitidos por compartilhar informações sigilosas com terceiros, o que incluía detalhes estratégicos e dados internos que poderiam impactar diretamente os negócios e a segurança da empresa.

A Meta identificou que esses vazamentos ocorreram dentro de equipes com acesso privilegiado a informações sensíveis. O episódio evidencia que, além de ameaças externas, há ainda o risco interno — causado por colaboradores.

A empresa se comprometeu publicamente a reforçar suas práticas de monitoramento e adotou medidas disciplinadoras para coibir futuras ocorrências.

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