O prefeito de Criciúma (SC), Vaguinho Espíndola, se submeteu a uma experiência incomum para um gestor público: passou quase um dia inteiro caracterizado como morador em situação de rua. Usando roupas gastas, barba e cabelo falsos, ele circulou pelas ruas da cidade com o objetivo de vivenciar de perto as dificuldades de quem não tem onde morar. A iniciativa, que terminou após ser reconhecido por agentes da assistência social, foi descrita por ele como um aprendizado transformador. O experimento, compartilhado depois em suas redes sociais, gerou repercussão e trouxe à tona a discussão sobre a invisibilidade social.
A experiência nas ruas
Durante a experiência, Espíndola pediu ajuda em semáforos, andou por calçadas e passou parte do tempo em praças da cidade. Em poucos minutos, recebeu moedas, pequenas quantias em dinheiro e até alimentos de pessoas que se comoveram com sua situação. Um gesto simples, como o de um menino que lhe ofereceu uma xícara de café, o marcou profundamente pela demonstração espontânea de solidariedade.
Ao mesmo tempo, o prefeito sentiu na pele a invisibilidade social. Sua própria esposa e filhos passaram por ele sem perceber sua presença, algo que relatou como uma das situações mais duras. Segundo Espíndola, essa sensação o fez compreender melhor o que significa ser ignorado diariamente por uma sociedade que muitas vezes não enxerga os mais vulneráveis.
Reflexões e medidas da gestão
O disfarce chegou ao fim quando um funcionário da assistência social o abordou oferecendo acolhimento. Nesse momento, ele revelou sua identidade e compartilhou a experiência, destacando que a vivência serviu para confirmar a necessidade de ampliar políticas públicas voltadas à população em situação de rua. Ele afirmou que, embora a cidade conte com programas de apoio, ainda há muito a ser feito para garantir dignidade e reinserção social.
De acordo com Espíndola, Criciúma já conseguiu reduzir o número de pessoas vivendo nas ruas nos últimos meses e aumentou os atendimentos em casas de passagem e centros de acolhimento. A prefeitura também pretende ampliar a atuação em áreas como saúde mental e dependência química, com mais profissionais e vagas em clínicas de tratamento. Para ele, a experiência reforçou o compromisso de fortalecer ações que ofereçam novas oportunidades e condições reais de mudança de vida.