Quando um clube grande cai pela primeira vez, sempre há uma comoção diferente por parte dos torcedores. O primeiro rebaixamento causa uma ruptura quase irreparável na imagem do time. Há quem diga, inclusive, que o rebaixamento é uma mácula indelével na história de um clube. No entanto, sempre existem formas de reverter essa situação.
Todos concordamos que o rebaixamento não é o fim do mundo, muitos times já caíram e voltaram muito bem. No entanto, a questão relacionada ao rebaixamento do Santos é mais “traumática” pelo fato do time ter sucessivas gestões mal sucedidas, fato esse que foi, aos poucos, minando a equipe e fazendo-a agonizar até seu rebaixamento em 2023 com requintes de crueldade.
Diante de tumultos políticos internos, constantes mudanças na liderança técnica e conflitos de comportamento envolvendo (pretensas) estrelas da equipe, é inegável que o Santos não contribuiu para o próprio sucesso. Agora, a participação no “Brasileirão Rei”, a primeira edição do torneio após a perda de Pelé, o ícone máximo da história do clube, ficará marcada principalmente pelo intenso desejo de ser relegada ao esquecimento.
Mau planejamento e problemas extracampo condenaram a temporada santista
Apesar dos insucessos contínuos ao longo da temporada, o elenco do Santos ainda contava com algumas das mais destacadas jovens promessas do futebol brasileiro, especialmente no setor ofensivo, onde despontaram talentos como Marcos Leonardo, Ângelo e Deivid Washington. No entanto, devido à complicada situação financeira, a equipe acabou seduzida por propostas do exterior, resultando em acordos de transferência.

A proposta de R$160 milhões apresentada pelo Chelsea, da Inglaterra, foi irresistível. Deivid e Ângelo foram para o futebol inglês, enquanto Marcos Leonardo, ainda que a contragosto, ficou até o fim do Brasileirão. A bem da verdade, Marcos teve bons momentos no campeonato, chegando a balançar as redes 13 vezes.
Mas é inegável que o time perdeu força com a saída desses jovens jogadores. Além disso, problemas extracampo também aconteceram. O zagueiro Bauermann foi um dos primeiros jogadores a se envolver com o esquema relacionado a casas de apostas ilícitas e com isso, foi punido com 360 dias sem poder entrar em campo.
Além desse episódio, houve um caso de indisciplina grave; na antevéspera do confronto contra o Coritiba, válido pela 37ª rodada, o atacante Marcos Leonardo compareceu à apresentação da equipe com atraso. O jogador também parecia estar bastante alterado, como se estivesse sob efeito de álcool, possivelmente embriagado.
O atacante Yeferson Soteldo, um dos jogadores de destaque na equipe, também foi suspenso no mês de julho devido a um incidente disciplinar envolvendo o treinador Paulo Turra, que estava no comando da equipe naquela altura.
Rebaixamento do Santos tem um nome: Andrés Rueda
Todas essas falhas de planejamento e de comando interno do Santos Futebol Clube foram obras de um homem que demonstrou, por várias vezes, sua total inaptidão para ocupar o cargo de presidente de um time tão importante do futebol nacional. A gestão de Rueda foi um verdadeiro ode à incompetência e à mediocridade.
Apenas em 2023, O Santos de Rueda teve cinco treinadores distintos: Odair Hellmann, Claudiomiro Santiago (interino), Paulo Turra, Diego Aguirre e Marcelo Fernandes, todos sem sucesso na missão de preservar o clube na elite do futebol nacional. Em 3 anos, o Santos teve 9 treinadores, a maioria com perfis diferentes e visões de futebol distintas. Isso mostra uma total falta de critério na escolha dos treinadores.
Quanto às finanças, Andrés Rueda também parece ter dado aula de incompetência. Para o ano de 2024, os danos financeiros referentes aos direitos de TV giram em torno de 80 a 90 milhões de reais. Isso porque além da discrepância existente entre os ganhos com direitos de transmissão da Série A em relação a Série B, o Santos também deixou de receber 16 milhões de reais que seriam pagos se a equipe tivesse conseguido se manter na primeira divisão.
O clube terá em torno de 20% de receita a menos em 2024. Para tapar o buraco, precisou vender jogadores, como Marcos Leonardo. Com a nova gestão de Marcelo Teixeira, o Santos espera retornar à elite do futebol brasileiro já no ano que vem, mas trabalhará com uma margem mínima para erros.