Banco Mundial prevê crescimento lento na América Latina

O BC fez uma previsão recente de crescimento de 2,4% na América Latina e Caribe para 2024. Enquanto para 2025, estima-se um aumento de 2,6%.
Lucas Morais em 14/jan/24, atualizado 26/out/24 às 09h – Compartilhe
Lula discursando. Foto por: Oliver Kornblihtt. Acervo do Flickr (Creative Commons).
Lula discursando. Foto por: Oliver Kornblihtt. Acervo do Flickr (Creative Commons).

A América Latina enfrenta vários problemas econômicos há alguns anos. Apesar de mostrar uma certa resiliência em certos aspectos, no geral o continente ainda possui um desenvolvimento muito aquém do esperado. Às vezes, isso é resultado de circunstâncias de mercado, mas geralmente o que ocorre é uma sucessão de más gestões econômicas.

O Banco Mundial fez uma previsão recente de crescimento de 2,4% na América Latina e Caribe para 2024. Enquanto para 2025, estima-se um aumento de 2,6%. Embora essa expansão esteja acima da taxa anteriormente divulgada, ainda permanece abaixo das demais regiões do mundo, sendo considerada insuficiente para impulsionar a criação necessária de empregos, inclusão social e redução da pobreza.

Para o Brasil, o Banco Mundial projetou um crescimento de 1,4% em 2024 e 2,2%, em 2025. Segundo o que consta no relatório, o país conseguiu “realizar reformas macroeconômicas de forma adequada”, o que possibilitou ao Brasil ter maior resiliência a possíveis choques de oferta na economia.

Venezuela e Argentina seguem como incertezas no continente

Apesar dos números relacionados à pobreza e o nível de emprego terem melhorado no continente em comparação com os níveis anteriores à pandemia de Covid-19, Argentina e Venezuela seguem apresentando uma inflação cada vez maior e descontrolada.

Aliada a esses fatores, existem muitas incertezas políticas nesses dois países. A Argentina passou por uma eleição recente e elegeu Javier Milei como presidente, um autêntico “outsider” com ideias pouco convencionais e que traz, muitas vezes, incertezas ao povo argentino. Ao mesmo tempo, tanto o setor privado quanto o público continuam ajustando os preços de forma intensificada na Argentina, o que agrava ainda mais a inflação e impacta negativamente o consumo, ao menos no início de sua nova gestão.

Javier Milei. Foto por: Ilan Berkenwald. Acervo do Flickr (Creative Commons CC0 1.0).
Javier Milei. Foto por: Ilan Berkenwald. Acervo do Flickr (Creative Commons CC0 1.0).

A questão da Venezuela também é delicada e, na realidade, é ainda mais delicada do que a Argentina. Isso porque a Venezuela enfrenta crises políticas e econômicas há anos e não tem conseguido demonstrar qualquer eficiência relevante no combate à inflação. É claro que o embargo promovido pelos EUA e parte da Europa afeta bastante a economia local, mas não é suficiente para explicar os problemas causados pela má gestão do governo.

Existe, ainda, um impasse recente entre Venezuela e Guiana. O governo venezuelano insiste em anexar uma parte do território que hoje pertence a Guiana. Essa questão tem causado uma grave crise na fronteira, inclusive com participação de outros países – como o Brasil – na tentativa de solucionar esse problema.

Desaceleração da China pode afetar também a América do Sul

A China é uma das principais responsáveis por importar mercadorias primárias dos mercados da América Latina. No entanto, as projeções divulgadas pelo Banco Mundial não são muito animadoras para os asiáticos. A China ainda deve crescer cerca de 5,1% no ano corrente, mas a previsão atual é menor do que a previsão divulgada no relatório anterior. Essa desaceleração se deve a desafios internos persistentes, como o enfraquecimento na recuperação pós-reabertura econômica, níveis elevados de endividamento e fragilidades no segmento imobiliário.

O fato é que esse cenário econômico chinês pode afetar a dinâmica do comércio dos países da América Latina, especialmente aqueles que dependem totalmente da exportação de mercadorias primárias. A menor procura por essas mercadorias tende a reduzir drasticamente o seu preço, resultando em balanças comerciais desfavoráveis e pressões por desvalorização da moeda.

É importante ressaltar que, em muitos países, as empresas exportadoras de matérias primas e commodities são estatais. Isso significa que, caso a desaceleração chinesa atinja altos níveis, as receitas fiscais desses países também diminuirão, o que apresenta uma ameaça à sustentabilidade fiscal, fator já vulnerável nos países da América Latina.

Compartilhar:

Selecione uma marca para ir ao assunto relacionado:

Últimas Novidades
O Sistema Toyota de Produção (TPS) otimiza eficiência e qualidade por meio de práticas como Just-in-Time, Jidoka, Kanban, Kaizen e os princípios 5S.
O mercado de games no Brasil já figura entre os dez maiores do mundo, registrando uma receita total de US$ 2,6 bilhões ao longo do ano.
Mercado de jogos para dispositivos móveis pode atingir cifra altíssima nos próximos anos, de acordo com estudos.
Tokenização é o processo de converter algo, como uma casa ou um investimento, em uma "versão digital". Saiba mais sobre esse processo.
Criado nos anos 80 pela revista "The Economist", oferece uma visão única sobre o poder de compra das moedas.
No Japão, um homem usou toda a poupança de sua avó para comprar itens do game Magic Sword Legends.
Recentemente, o governo brasileiro anunciou mudanças na taxação de importações. Anteriormente, compras internacionais de até 50 dólares eram isentas de impostos de importação.
Quais os fatores têm causado a queda da audiência da Twitch, forçando a plataforma a tomar novas atitudes.
O governo dos Estados Unidos aprovou, recentemente, um projeto de lei visando proibir o TikTok no país.
Empresa promete construir uma ilha voltada somente para o eSports, com uma estrutura nunca antes vista.