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Por que é necessário mudar a fórmula “falida” dos campeonatos estaduais?

É necessário mudar a maneira com que os campeonatos estaduais são disputados no Brasil?
Lucas Morais, Jean Felipe em 10/nov/24, atualizado 10/nov/24 às 19h – Compartilhe
Cruzeiro e Atlético-MG jogando pelo Campeonato Mineiro. Acervo do Flickr (Creative Commons).
Cruzeiro e Atlético-MG jogando pelo Campeonato Mineiro. Acervo do Flickr (Creative Commons).

No futebol brasileiro, os campeonatos estaduais ocupam uma posição ambígua e controversa. Alguns os consideram uma tradição importante e uma chance para clubes menores se destacarem. Porém, eles também recebem muitas críticas, especialmente em relação ao calendário.

Como os campeonatos estaduais geralmente terminam em abril, eles acabam “achatando” o calendário de outras competições nacionais, como a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro. Apesar dessas reclamações, os estaduais não têm previsão de acabar tão cedo.

Neste artigo, nós do Eu, Brasileiro exploraremos o papel dos campeonatos estaduais, as críticas ao seu calendário e por qual razão é importante propor mudanças para o futebol brasileiro.

Como os campeonatos estaduais surgiram no Brasil?

Ironicamente, uma das razões principais que fez os campeonatos estaduais existirem foi a ação de “poupar tempo”. O Brasil é um país de proporções continentais, os estados são grandes e alguns acabam sendo bem distantes de outros. Para evitar o tempo que seria perdido com viagens, os times locais passaram a se concentrar somente em jogar os campeonatos estaduais. Dessa forma, a criação de um campeonato nacional no início do século passado era realmente inviável.

O Campeonato Paulista, pioneiro entre os campeonatos estaduais, teve seu início marcado em 1902. Naquela época, a competição contava com a participação de apenas cinco equipes: Germânia (atual Pinheiros), Internacional, Mackenzie, Paulistano e São Paulo Athletic (SPAC). Em pouco tempo, outros estados brasileiros também buscaram estabelecer suas próprias competições. Em 1905, os campeonatos estaduais chegaram à Bahia, seguidos um ano depois pelo surgimento do Campeonato Carioca.

Por que é necessário mudar a fórmula “falida” dos campeonatos estaduais?
Time do São Paulo campeão paulista de 1971. Acervo do Picryl (Domínio Público).

Atualmente, os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal são palco dos campeonatos estaduais. Isso ajudou a criar uma certa identidade cultural dos times para com suas comunidades, acirrando rivalidades saudáveis que impulsionaram o futebol brasileiro como um todo. Ou seja, negar a importância histórica dos estaduais seria um erro.

Controvérsias de um modelo que contempla ninguém

Existe uma grande quantidade de especialistas que defendem que os atuais campeonatos estaduais não apresentam aspectos sustentáveis, positivos ou aproveitáveis. Em sua configuração atual, sobrecarregam o calendário dos grandes clubes, ao passo que deixam os menores clubes (que compõem a ampla maioria) com pouquíssimas datas disponíveis por temporada.

Em contrapartida, outros defendem os estaduais citando exatamente essa questão dos clubes menores. A maioria desses times não possuem campeonatos para jogar até o fim do ano, fazendo com que apostem tudo nos estaduais. A Série D, que é a última divisão do futebol profissional do Brasil, possui vagas específicas para times que alcancem bom desempenho nos campeonatos estaduais. O problema é que as vagas são limitadas e, na maior parte das vezes, os times que não conseguem boas colocações, acabam tendo que encerrar seu calendário após o fim do estadual.

Portanto, os campeonatos locais não são exatamente positivos para os times menores, funcionando mais como uma oportunidade de sobrevivência. Melhor seria se os clubes tivessem um campeonato longo, que ocupasse boa parte do ano, isso facilitaria questões fundamentais de gestão financeira e de elenco.

Em relação às receitas, pode-se dizer que os estaduais possuem mais contras, do que prós. Em raras ocasiões, os campeonatos estaduais conseguem gerar receitas significativas com direitos de transmissão. Em São Paulo, onde clubes com uma base de torcedores modesta recebem mais do que todos os grandes clubes da Copa do Nordeste juntos.

Após o fim do Campeonato Paulista, é comum jogadores migrarem para clubes de outros estados, pois os times menores não conseguem manter os salários durante o campeonato nacional. Mesmo com as receitas dos estaduais, os times do interior continuam enfrentando problemas financeiros.

Essa discrepância de objetivos torna os estaduais cada vez mais desiguais e desinteressantes. É um cenário onde aparenta que grandes clubes veem os estaduais como um “estorvo”, enquanto os pequenos lutam pela sobrevivência, sem muitas chances.

Por que é necessário mudar esse cenário?

Os estaduais se sustentam principalmente pela sua importância cultural e história. Isso inclui a rivalidade e os grandes clássicos locais, que mantém a “chama” dos campeonatos acesa. Mas na prática, esses campeonatos são inviáveis para a maior parte dos times, incluindo os grandes. Isso se reflete na falta de interesse dos torcedores, que costumam comparecer ao estádio em grande número somente nas fases finais.

A criação de mais uma liga nacional, que poderia ser conhecida como “Série E”, não significaria o fim dos campeonatos estaduais, mas sim um melhor aproveitamento do calendário brasileiro. A última divisão nacional poderia ser disputada dentro de cada federação estadual, sem a participação dos “grandes”, mas com importância esportiva em si – o acesso para Série D, em uma competição de verdade, que não deixaria as equipes encerrarem suas atividades prematuramente.

É evidente que toda essa especulação esbarra no modelo político que sustenta a CBF, conferindo maior poder às federações estaduais. Mas a tendência é que, mesmo com o jogo político entre CBF e federações locais, o modelo se torne insustentável para a maioria dos times e a necessidade da mudança passe a ser uma urgência para o bem do futebol brasileiro.

Enquanto isso, CBF lidera no ranking digital entre federações do esporte brasileiro

No ranking digital divulgado pelo IBOPE Repucom, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) reafirmou seu destaque ao liderar o aumento de seguidores com 7 milhões de novos seguidores, representando 72% do crescimento total dentre todas as entidades. Comparado ao último levantamento, houve um aumento de mais de 9 milhões de novos seguidores nas redes oficiais das confederações esportivas. As cinco confederações que mais se destacaram foram:

  • CBF (7 milhões de novos inscritos)
  • CBDU (1 milhão)
  • CBV (580 mil)
  • CBG (188 mil)
  • CBB (184 mil)

Juntas, representam 93% do total de novos seguidores nos últimos dois anos.

O desempenho no Instagram foi determinante para a liderança da CBF, com 6,1 milhões de novos seguidores nessa plataforma, correspondendo a 90% do crescimento total. A Confederação ultrapassou a marca de 37 milhões de inscritos em suas redes oficiais.

A CBDU ficou em segundo lugar em crescimento, impulsionada principalmente pelo TikTok, que representou 97% dos 1 milhão de novos inscritos. A CBV, em terceiro, agregou 580 mil novos seguidores, com 63% vindos do Instagram.

Fonte: IBOPE Repucom – Ranking digital das federações esportivas.

No cenário dos clubes, o Flamengo destaca-se como líder em engajamento nas redes sociais, ampliando sua vantagem em número de seguidores. O clube atingiu a marca inédita de 8 milhões de seguidores no TikTok, quase o dobro do segundo colocado, o Corinthians, com 4,1 milhões.

Fonte: IBOPE Repucom – Ranking digital dos clubes brasileiros

Com um total de 57,9 milhões de seguidores, o Flamengo foi o clube que mais conquistou novos seguidores no Instagram (137 mil) e no X (30 mil). Seu desempenho nas redes sociais reforça a importância da presença digital para os clubes brasileiros.

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