Imagine viver em um lugar onde alcançar 100 anos de idade é algo comum. Estes locais existem e são conhecidos como “Zonas Azuis”, havendo apenas cinco Zonas Azuis existentes todo o planeta: Okinawa, no Japão, Loma Linda, nos Estados Unidos, Icária, na Grécia, Península de Nicoya, na Costa Rica, e a Sardenha, na Itália.
De acordo com o estudo dinamarquês “Danish Twin Study”, apenas 20% da nossa longevidade é determinada pelos genes. Os outros 80% dependem do nosso estilo de vida e do ambiente em que vivemos. Isso quer dizer que, embora o envelhecimento seja inevitável, a maneira como envelhecemos está muito relacionada às nossas escolhas. Por isso, as cidades das chamadas “Zonas Azuis” podem nos ensinar lições acerca de como ter uma vida longa e saudável, baseadas na experiência de pessoas que já vivem assim nesses lugares.
Apesar de estarem localizados em regiões distantes e terem culturas muito diferentes, é possível encontrar alguns pontos em comum entre esses lugares que explicam a alta expectativa de vida.
Segundo o pesquisador americano Dan Buettner, que estuda as regiões que compõem as zonas azuis, a conexão social nesses locais é um forte fator. Esse vínculo social de família e comunidade contribui para a sensação de bem-estar e apoio emocional. Confira mais sobre:
Okinawa, Japão
Okinawa é um arquipélago ao sul do Japão e a leste de Taiwan. A região tem um clima subtropical ensolarado e os habitantes historicamente já enfrentaram muitos desafios, como dominações, guerras e desastres naturais, possivelmente os tornando resilientes. As mulheres de Okinawa, por exemplo, são as mais longevas dentre todos os outros locais no mundo.
Os okinawanos são muito ativos, e sua rotina inclui fazer vários pequenos exercícios durante o dia. Outro fator importante é a medicina asiática, que foca na prevenção de doenças, e isso se reflete na alimentação local, que é rica em vegetais, chás, proteínas de soja e cogumelos.
Sardenha, Itália
Na região montanhosa da Sardenha, em 14 vilarejos da província de Nuoro, há a maior concentração de homens centenários do mundo. As famílias de pastores e pequenos agricultores dominam a região.
Apesar da relação estreita com os animais, a carne não é a principal fonte de alimento. Os habitantes consomem pão carta di musica (feito com sêmola de trigo duro) e vegetais. Ao contrário de muitas culturas ocidentais, onde envelhecer é visto como um fardo, na Sardenha os idosos são valorizados e cuidados pela família. Eles não se aposentam, apenas trocam de atividade, e continuam colhendo os frutos de anos do seu trabalho árduo ao longo da vida.
Icária, Grecia
Icária é uma ilha grega paradisíaca e a mais nova “zona azul”. Ela tem uma das menores taxas de mortalidade na meia-idade e a menor taxa de demência entre idosos. A ilha fica a oeste da costa da Turquia e preserva tradições antigas.
A dieta dos icarianos é uma versão especial da dieta mediterrânea, focada em legumes, grãos integrais, frutas, peixes, azeite de oliva, leite de cabra, queijo e vinho. Não existe uma palavra em grego para “privacidade” e, para os icarianos, isso significa um forte senso de conexão e segurança.
Loma Linda, EUA
Apesar de estar em uma área urbana dos EUA, conhecido pelo fast food e pela poluição, os moradores de Loma Linda vivem em média dez anos a mais que o resto do país. Diferentemente dos outros lugares da zona azul, Loma Linda tem uma peculiaridade comumente citada: o local abriga a maior concentração de “adventistas do sétimo dia” do mundo.
Além da questão espiritual, eles também seguem uma dieta que é inspirada na Bíblia, com alimentos como abacate, salmão, nozes, pão integral, leite de soja e peixe. A ingestão de água é incentivada, enquanto o tabagismo e o álcool são evitados.
Nicoya, Costa Rica
A “zona azul” da América Latina fica na Península de Nicoya, na costa pacífica da Costa Rica. Lá, as taxas de mortalidade na meia-idade são as mais baixas do mundo, e a concentração de homens centenários é a segunda maior.
Nicoya tem uma forte herança indígena dos Chorotega, que eram agricultores religiosos e viviam com pouco estresse. A alimentação é baseada em milho, feijão, carne de porco, vegetais e frutas tropicais. As tortillas locais são feitas de milho nixtamalizado (que passou por um processo tradicional de preparo), rico em cálcio, e a água da região é rica em minerais, beneficiando o coração e os ossos.